ASTERACEAE

Lepidaploa obtusifolia (Less.) H.Rob.

Como citar:

Lucas Moraes; Luiz Santos Filho. 2017. Lepidaploa obtusifolia (ASTERACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

399,887 Km2

AOO:

24,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Endêmica do estado do Rio de Janeiro (Dematteis e Almeida, 2015). No município do Rio de Janeiro foi coletada na Praia de Grumari (E.A. Mantalvo 88). Na Restinga da Marambaia (A.J. Castelo 93), no Recreio dos Bandeirantes (E. Pereira 120), Restinga da Barra da Tijuca (D. Sucre 2283) e na Restinga de Sernambetiba (Markgraf 3760). No estudo de Cordeiro (2005), a espécie foi registrada na Praia do Peró, no município de Cabo Frio.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2017
Avaliador: Lucas Moraes
Revisor: Luiz Santos Filho
Critério: B1ab(i,ii,iii,iv,v)+2ab(i,ii,iii,iv,v)
Categoria: EN
Justificativa:

A espécie é endêmica do estado do Rio de Janeiro (BFG, 2015). Arbusto terrícola de ocorrência em Mata Atlântica (BFG, 2015), pode ser encontrada nas restingas dos municípios do Rio de Janeiro, Arraial do Cabo e da Marambaia (que abarca três municípios: Rio de Janeiro, Itaguaí e Mangaratiba). Possui EOO=350 km², AOO=24 km² e está sujeita a três situações de ameaça. Encontra-se ameaçada pela expansão urbana, embora moderada, da região do bairro de Grumari (Guerra, 2005), pela incidência de queimadas nas formações arbustivas da Restinga da Marambaia (Menezes e Araújo, 2004) e pelo intenso adensamento populacional da Região dos Lagos, que comprometem estas restingas (Leme, 2000). Esse conjunto de ameaças acarreta declínio contínuo da EOO, AOO, qualidade do hábitat, número de situações de ameaça e número de indivíduos maduros.

Último avistamento: 2012
Quantidade de locations: 3
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em Proc. Biol. Soc. Washington 103: 490. 1990 A espécie foi descrita por Lessing em 1829 e posteriormente transferida para Lepidaploa por Robinson em 1990 (Nakajima, com. pess.).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: bush
Luminosidade: heliophytic
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Restinga
Fitofisionomia: Vegetação de Restinga
Habitats: 1.5 Subtropical/Tropical Dry Forest
Detalhes: Arbusto terrícola, de ocorrência em Mata Atlântica, em Floresta Ombrófila (Dematteis e Almeida, 2015). Dados de registro de coleta indicam que a espécie é heliófila (E.A. Mantalvo 88), encontrada em restinga (A.J. Castelo 93).
Referências:
  1. Dematteis, M., Almeida, G., 2015. Lepidaploa in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB109745>. Acesso em: 26 Mar. 2015.

Reprodução:

Detalhes: Coletada com flores roxas e sépalas marrons (M. Nadruz 389). Coletada com flores nos meses de abril (S. Salgado 12), janeiro (E. Pereira 120), junho (A.J. Castelo 93), dezembro (H.M. Dias 122) maio (A. Oliveira 128) e fevereiro (H.F. Martins 182) , julho (V.F. Ferreira 933) e março (Briolango s.n.).

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.3 Tourism & recreation areas past,present,future local very high
Na Praia do Peró, município de Cabo Frio, encontra-se o maior e mais bem preservado campo de dunas móveis da costa fluminense. O projeto do mega-resort Reserva do Peró, conta com 450 ha de área, representando um impacto direto às formações naturais de dunas e à vegetação de restinga associada, o que significaria uma perda do maior remanescente desse ecossistema no estado (Pereira et al., 2011).
Referências:
  1. Pereira, T.G., Oliveira Filho, S.R. de, Corrêa, W.B., Fernandez, G.B., 2011. DIVERSIDADE DUNAR ENTRE CABO FRIO E O CABO BÚZIOS – RJ. Rev. Geogr. 27, 277–290.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat,occupancy,occurrence past,present,future local medium
As montanhas do bairro de Grumari compõem o extremo sudoeste do Maciço da Pedra Branca, região que vem sofrendo intensa fragmentação desde os anos 1980 e, de maneira geral, ainda apresenta uma ocupação urbana esparsa, com características rurais, dentre as quais destaca-se o cultivo de banana, que recobre grandes áreas de encosta e contribui para a retração da cobertura florestal, realizado por pequenos produtores rurais, numa agricultura do tipo familiar (Guerra, 2005).
Referências:
  1. Guerra, M.F. 2005. Conflitos ambientais no Parque Natural Municipal de Grumari. Revista Rio de Janeiro, n. 16-17.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.1 Species mortality 7.1.1 Increase in fire frequency/intensity locality,habitat,occupancy,occurrence,mature individuals past,present,future local very high
A ocorrência de queimadas é frequente nas formações arbustivas da Restinga de Marambaia (Menezes e Araujo, 2004).
Referências:
  1. Menezes, L.F.T.D., Araujo, D.S.D.D., 2004. Regeneração e riqueza da formação arbustiva de Palmae em uma cronoseqüência pós-fogo na restinga da Marambaia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.1 Housing & urban areas locality,habitat,occupancy,occurrence,mature individuals past,present,future local very high
O adensamento populacional na Região dos Lagos vem crescendo consideravelmente nas últimas décadas, em função, principalmente, de investimentos na infraestrutura de transporte, que facilitou o investimento imobiliário (Davidovich, 2001). A Região dos Lagos vem apresentando nas últimas quatro décadas um ritmo de crescimento bem acima da média estadual e mesmo nacional, em decorrência dos royalties da exploração de petróleo na plataforma continental, mas sobretudo por sua vocação para o turismo em sua orla marítima, que influenciou toda sua infra-estrutura urbana (Ribeiro e Oliveira, 2009). As áreas antrópicas recobrem cerca de 60% da área da região de Cabo Frio, e arredores, um importante centro de biodiversidade mundial (Bohrer et al., 2015). As áreas antrópicas recobrem cerca de 60% da área do Centro de Diversidade Vegetal (Bohrer et al., 2015). As áreas mais afetadas estão localizada nas sedes municipais, no entorno da Lagoa de Araruama, ao longo das rodovias RJ 106 e RJ 140 e nas áreas costeiras (Bohrer et al., 2015). A vegetação de restinga, outrora existente entre os municípios de Cabo Frio e Casimiro de Abreu, foram praticamente eliminadas nos últimos 20 anos. O principal motivo para essa perda foi a acentuada crescimento de empreendimentos imobiliários e loteamentos que hoje dominam o cenário local (Leme, 2000).
Referências:
  1. Bohrer, C.B. de A., Dantas, H.G.R., Cronemberger, F.M., Vicens, R.S., Andrade, S.F. de. 2015. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Mapeamento da vegetação e do uso do solo no Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio , Rio de Janeiro. Rodriguésia 60, 1–23.
  2. Davidovich, F. 2001. Metrópole e território : metropolização do espaço no Rio de Janeiro. Cad. Metrópole 6, 67–77.
  3. Leme, E.M.C. 2000. Niudularium - bromélias da Mata Atlântica, in: Niudularium - Bromélias Da Mata Atlântica. Sextante, Rio de Janeiro, RJ.
  4. Ribeiro, G., Oliveira, L.D. de. 2009. As Territorialidades da Metrópole no Século XXI: Tensões entre o Tradicional e o Moderno na Cidade de Cabo Frio-RJ. Geo UERJ 3, 108–127.